ALERTA PARA O VERÃO: Especialista alerta para os cuidados em caso de infecção pela Dengue; BA tem mais de 32 mil casos prováveis e 16 óbitos em 2025

  Docente do curso de Enfermagem da Faculdade Anhanguera Marcela Figueiredo Martins indica que os infectados devem estimular a hidratação oral e realizar repouso durante o tratamento; A dengue é uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que se torna mais prevalente durante o verão devido às condições climáticas favoráveis para a proliferação do mosquito. O Estado da Bahia, … Leia Mais


Anvisa assina termo de compromisso para a vacina da dengue do Butantan

Acordo vai ser assinado hoje Agência Brasil São Paulo © Butantan/Divulgação Versão em áudio A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) assina nesta quarta-feira (26) com o Instituto Butantan um Termo de Compromisso para estudos e monitoramento da vacina da dengue. Segundo a Assessoria de Comunicação Social do governo federal, a assinatura deste termo é … Leia Mais



Anvisa pode aprovar vacina do Butantan contra a dengue neste mês Agência pode concluir análise do registro no fim da semana que vem

Luiz Claudio Ferreira – repórter da Agência Brasil Brasília © Butantan/Divulgação Versão em áudio A vacina contra a dengue produzida pelo Instituto Butantan pode ser aprovada a partir do final da semana que vem pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O anúncio foi feito nesta sexta (7), em coletiva de imprensa que tratou sobre a … Leia Mais



Covid-19 deixou 149 mil crianças e adolescentes órfãos em 2020 e 2021


Se considerados avós e outros cuidadores, número sobe para 280 mil

Tâmara Freire – Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro
Manaus (AM) - Especial 3 anos de pandemia, Impactos da pandemia. Funcionário do Cemitério Tarumã na cidade de Manaus, abre uma cova para mais uma vitima do covid-19 . Foto: Altemar Alcantara/Semcom/Prefeitura de Manaus
© Altemar Alcantara/Semcom/Prefeitura de Manaus
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Além dos mais de 700 mil mortos pela covid-19 no Brasil, há outras 284 mil vítimas indiretas: crianças e adolescentes que perderam os pais, avós ou outros familiares mais velhos que exerciam papel de cuidado em suas residências. O número se refere somente a 2020 e 2021, os piores anos da pandemia. Entre elas, 149 mil perderam o pai, a mãe ou os dois.

A estimativa é de pesquisadores ingleses, brasileiros e americanos, que acabam de lançar um estudo para demonstrar não somente a “magnitude da orfandade no Brasil”, como também “as grandes desigualdades entre os estados”.

Uma das autoras do estudo, a professora do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo Lorena Barberia destaca que os impactos de uma emergência sanitária são identificados primeiro entre as vítimas diretas, mas há também aqueles que são afetados por essas mortes.

“Nós quisemos olhar a vulnerabilidade das pessoas que dependem de quem faleceu. Achamos super importante lembrar que as pessoas acima de 60 anos não só tinham mais chance de morrer, mas, muitas vezes, tinham um papel na estrutura familiar muito decisivo. Muitas crianças e adolescentes dependiam dessas pessoas. Então, pensamos que tínhamos que considerar essas estimativas, tanto de pais e mães como desses responsáveis”.

 

Rio de Janeiro (RJ), 24/10/2025 - Lorena Barberia. Órfãos do Covid. Foto: Wanessa Soares/Divulgação
Professora do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo Lorena Barberia Foto: Wanessa Soares/Divulgação

A partir de modelos estatísticos, alimentados por dados demográficos, como a taxa de natalidade e o excesso de mortalidade ─ mortes acima do esperado ─ em 2020 e 2021, a pesquisa chegou a algumas estimativas:

  • Cerca de 1,3 milhão de crianças ou adolescentes, de 0 a 17 anos, perderam um ou ambos os pais, ou algum cuidador com quem elas viviam, por razões diversas;
  • Dessas, 284 mil se tornaram órfãos ou perderam esse cuidador por causa da covid-19;
  • Com relação apenas às mortes por covid-19, 149 mil crianças e adolescentes se tornaram órfãos e 135 mil perderam outro familiar cuidador;
  • 70,5% dos órfãos perderam o pai; 29,4%, a mãe; e 160 crianças e adolescentes foram vítimas de orfandade dupla;
  • 2,8 crianças ou adolescentes a cada 1 mil perderam um ou ambos os pais, ou algum familiar cuidador por covid-19;
  • Entre estados, as maiores taxas de orfandade são as do Mato Grosso (4,4), Rondônia (4,3) e Mato Grosso do Sul (3,8), enquanto as menores são do Rio Grande do Norte (2,0), Santa Catarina (1,6) e Pará (1,4).

Órfãos reais

Em 2021, Ana Lúcia Lopes, hoje com 50 anos, perdeu o companheiro, o fotógrafo Cláudio da Silva, o que fez com que seu filho, Bento, que tinha 4 anos, ficasse órfão de pai. Ela lembra que esses números dizem respeito a crianças e adolescentes reais, que sofreram e continuam sofrendo com as mortes de seus entes queridos.

 

Rio de Janeiro (RJ), 24/10/2025 - Ana Lucia, Claudio e Bento. Órfãos do Covid. Foto: Ana Lucia/Arquivo Pessoal
Ana Lucia, Claudio e Bento Foto: Ana Lucia/Arquivo Pessoal

Sem nenhum fator de risco para a doença, ele tinha 45 anos e foi infectado durante uma viagem a trabalho. Com sintomas respiratórios, foi internado em uma quinta-feira, entubado na sexta e não resistiu após uma parada cardíaca, na segunda-feira seguinte. Nem pode rever o filho, após os dois meses de trabalho fora de casa.

“Eu contei para o Bento logo que aconteceu. A gente tinha um cachorrinho que morreu um pouco antes. Aí, eu falei para ele que o cachorrinho precisava de alguém lá no céu para cuidar dele e que o papai tinha ido fazer isso. Às vezes ele me via chorando e falava: “Mãe, você tá chorando por causa do meu pai?”.

“Apesar de tudo, no começo, ele parecia bem. Um tempo depois, quando ele foi mudar de classe na escola, ele começou a chorar bastante, porque não queria perder a professora. Aí, eu perguntei o que ele estava sentindo, e ele disse: ‘Ah, mãe, acho que eu queria o meu pai’. Foi quando ele começou o atendimento psicológico”.

Cláudio recolhia a contribuição previdenciária referente ao seu trabalho como microempreendedor individual, o que garantiu a Bento a pensão por morte e evitou que a família passasse por problemas financeiros. De acordo com outra autora do estudo, a promotora de justiça da cidade de Campinas (SP) Andréa Santos Souza, os problemas financeiros são os mais frequentes em situações de orfandade.

Violações de direitos

Durante a pandemia de covid-19, o trabalho de Andrea Santos Souza, que atua na área de Infância e Juventude na cidade de Campinas (SP), estava bastante focado na proteção das crianças e adolescentes afetados pelo fechamento das escolas, pela miséria pandêmica, ou pela crescente violência familiar. Até que ela percebeu um aumento nos pedidos de guarda, feitos por tios, avós e outros parentes.

“Essas crianças estavam ficando órfãs sem uma representação legal. Pedi aos cartórios que me mandassem todas as certidões de óbito das pessoas que morreram por Covid e que deixaram herdeiros menores. Num primeiro momento, eles disseram que não conseguiam fazer esse recorte, então, eles me mandaram todas as certidões de quem morreu naquele ano de 2020. Foram mais de 3 mil, e foi um trabalho muito triste. Eu, uma estagiária e uma funcionária ficamos olhando certidão por certidão, separando todos os órfãos. Numa primeira leva, nós localizamos quase 500 crianças”, lembra Andrea.

A partir daí, o trabalho duplicou: as certidões continuavam chegando, e, ao mesmo tempo, era preciso localizar todas essas crianças, encaminhá-las para programas de assistência, checar se já constavam no Cadastro Único no Governo Federal e se as famílias já recebiam o Bolsa Família ou o Auxílio Emergencial. Era preciso ainda verificar se elas não estavam sendo vítimas de outras violações, além de terem perdido suas mães e pais.

“A primeira delas é a separação de irmãos, né? As famílias numerosas separam os irmãos. Quanto aos bebezinhos muito pequenos, tem o problema de adoções ilegais. As meninas tinham situações de exploração de todas as formas, trabalho doméstico forçado, casamento infantil, abuso sexual… Em muitos meninos, a gente via o direcionamento para o tráfico ilícito de entorpecente ou exploração do trabalho infantil…”

Além dessas situações mais drásticas, Andréa enfatiza que toda orfandade aumenta a vulnerabilidade, especialmente nos casos minoritários de crianças que perderam tanto a mãe quanto o pai, ou daquelas que já eram criadas por mães solo, quantidade bastante frequente. Os profissionais de saúde que morreram e deixaram filhos eram numerosos, mas, como a pandemia escancarou desigualdades sociais, a maioria dos órfãos era de filhos de trabalhadores de limpeza, alimentação, transporte ou informais, que não puderam parar e se isolar em casa.

Diante de exemplos tão trágicos, a promotora buscava entender melhor a dimensão da orfandade causada pela covid-19 no Brasil, quando as primeiras estimativas globais sobre a tragédia foram lançadas por pesquisadores do Imperial College, de Londres, na Inglaterra, em julho de 2021. Andréa entrou em contato com os pesquisadores, contou sobre a sua experiência localizando os órfãos de Campinas e, a partir daí, passou a colaborar com o grupo de estudos, que é o mesmo responsável pelas novas estimativas.

Cruzamento de dados

Graças ao encontro com Andréa, os pesquisadores puderam comparar o resultado dos modelos estatísticos com os dados da promotoria, e confirmar as semelhanças. Conheceram também outra ferramenta dos registros civis brasileiros, que é quase única no mundo. Desde 2015, as certidões de nascimento já são emitidas em conjunto com o CPF e, quando o documento é registrado, os cartórios associam o número das crianças ao CPF dos pais, o que permite o cruzamento de informações, inclusive em casos de orfandade.

Com isso, a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen/Brasil) verificou que, de março de 2020 a setembro de 2021, 12,2 mil crianças de até 6 anos ficaram órfãos por causa da covid-19, com proporções similares de mortes maternas e paternas, e de ocorrências ao longo dos meses. Como os dados da Arpen cobrem apenas as crianças nascidas de 2015 para cá ou aquelas que tiveram a certidão de nascimento reemitida, não seria possível saber a dimensão da orfandade apenas por eles, mas os registros serviram para reforçar a validade das estimativas do estudo.

“O objetivo é lembrar que, mesmo depois do fim da pandemia, nós precisamos de políticas públicas para dirimir as desigualdades provocadas pela pandemia, porque nós sabemos que algumas pessoas saíram em uma situação muito mais vulnerável que outras. Não houve um programa desenhado para essas crianças especificamente, e a sociedade não estava acostumada a essa magnitude de órfãos. Os programas que existem claramente precisam ser fortalecidos, porque temos um grupo novo de crianças e adolescentes, que não era esperado”, reforça a pesquisadora Lorena Barberia.


Gestores e pesquisadores que atuam na fronteira da inovação tecnológica em saúde estarão no mês de setembro em Salvador


Entre os dias 24 e 26 de setembro de 2025, Salvador será palco do II Congresso dos Laboratórios Oficiais do Brasil, promovido pela sua associação representativa (ALFOB). O evento, que acontece no Gran Hotel Stella Maris, contará com a participação de pesquisadores e gestores públicos renomados, como o médico Reinaldo Guimaraes, ex-secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, que irá proferir a palestra magna “Desafios da Indústria Farmacêutica no Âmbito da Estratégia para o Complexo Econômico e Industrial da Saúde”.

O Brasil possui uma das mais robustas redes de laboratórios públicos do mundo. Neste contexto, a ALFOB reúne 24 unidades fabris, de pesquisa, ensino e inovação distribuídas em oito estados. Entre os integrantes estão instituições de referência, tais como os Institutos Farmanguinhos e Bio-Manguinhos (ambos vinculados à Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz) e o Instituto Butantan, estes decisivos na produção de vacinas durante a pandemia de Covid-19. A anfitriã do evento será a Fundação Baiana de Pesquisa Científica e Desenvolvimento Tecnológico, Fornecimento e Distribuição de Medicamentos (Bahiafarma), representada pela sua presidenta, médica Ceuci Nunes e equipe técnica.

Capacidade produtiva e tecnológica
Juntos, os laboratórios oficiais têm capacidade para produzir mais de seis bilhões de unidades farmacêuticas e 300 milhões de doses de vacinas por ano, além de garantir 100% da demanda nacional de 15 tipos de soros utilizados pelo SUS.

Com o congresso, a ALFOB pretende discutir caminhos para o fortalecimento dessa base produtiva e tecnológica estratégica. Estarão em pauta os desafios que hoje limitam o desenvolvimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS), entre eles: a forte dependência de importação de insumos farmacêuticos ativos (mais de 90% da demanda nacional), as fragilidades regulatórias e jurídicas, entraves tributários, aduaneiros e cambiais, além da necessidade de maior investimento em pesquisa, inovação e estudos clínicos.

A programação terá minicursos sobre gerenciamento de riscos, farmacovigilância, sistemas ERP e rede de comunicação e informação, além de mesas-redondas que abordarão inteligência artificial na indústria farmacêutica, instrumentos legais para compras públicas, cultura da qualidade e um painel sobre governança na gestão produtiva dos Laboratórios Oficiais.

Estarão presentes nomes como Igor Ferreira Bueno (diretor do Departamento do Complexo Industrial e Inovação do Ministério da Saúde), Lenira Nanuncio (Diretora de Qualidade Comercial da Boehringer Ingelheim). Fernanda Molino Giraldi Bueno, Coordenadora de Garantia da Qualidade do Instituto Butantan, Débora Araújo Othon (Nuplam-UFRN), Leonardo Ramalho (procurador do Estado de Pernambuco), Thiago Lopes Cardoso Campos (empossado recentemente como diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa), Narayanna Dantas (Hemobrás), Victor Ramos, diretor de Comunicação do Instituto Butantan, o vice-reitor da UFBA, Penildon Silva Filho, além dos pesquisadores Heitor Mansur Caulliraux (UFRJ) e Priscila Vanessa Goliatt (UFJF), Meiruze Sousa Freitas (Diretora do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde) e Fabricio Marchini, do Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP).

Segundo o presidente da ALFOB, Jorge Souza Mendonça, ao reunir especialistas de referência, o encontro busca reforçar o papel dos laboratórios oficiais como pilar estratégico da saúde pública brasileira e apontar soluções para reduzir a dependência externa e fortalecer a inovação em benefício do SUS e da população brasileira, visando atender também às demandas do mercado externo, em especial os países do Sul Global.

A programação completa do II Congresso dos Laboratórios Oficiais pode ser conferida em: https://alfob.org.br/iicongresso/

Para realizar sua inscrição, acesse: https://www.sympla.com.br/evento/ii-congresso-dos-laboratorios-oficiais-do-brasil/2937473

E para saber mais sobre os Laboratórios Oficiais do Brasil: https://alfob.org.br/

Assessoria de Comunicação II Congresso dos Laboratórios Oficiais do Brasil – LABORATÓRIO DA NOTÍCIA

Créditos da Foto/Divulgação: FOTO ALFOB


Assistência ao parto avança no Brasil, mas pré-natal ainda preocupa


Dados fazem parte da Pesquisa Nascer no Brasil 2, feita pela Fiocruz

Tâmara Freire – Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro
Referentes ao período de 2006 a 2015, os dados tornam o Brasil o sétimo da América do Sul no quesito taxa de gravidez adolescente
© Arquivo/MDS
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Dados da maior pesquisa sobre parto e nascimento no Brasil mostram avanços expressivos na prática hospitalar. A realização de episiotomia, o corte do canal vaginal com bisturi, para supostamente aumentar a via de passagem do bebê, caiu de 47% para 7% nos partos vaginais ocorridos no Sistema Único de Saúde (SUS), em cerca de dez anos. Queda semelhante (de 36% para 9%) foi observada na realização da manobra de Kristeller, quando o profissional de saúde sobe sobre a gestante ou empurra a sua barriga com força, para acelerar o nascimento.

No sistema privado, a redução foi ainda mais expressiva: apenas 2% das mulheres que tiveram parto vaginal relataram ter passado pela manobra, que é considerada uma forma de violência obstétrica e traz risco para a parturiente e o bebê. Os dados fazem parte da Pesquisa Nascer no Brasil 2, realizada pela Fiocruz, que coletou dados de mais de 22 mil mulheres entre 2021 e 2023.

Nessa quinta-feira (4), os pesquisadores divulgaram as informações referentes ao estado do Rio de Janeiro e adiantaram algumas informações nacionais, para comparação. Eles mostram que aumentou a quantidade de mulheres que puderam se alimentar e se movimentar durante o parto e que quase todas que pariram no Rio de Janeiro, tanto no Sistema Único de Saúde (SUS), quanto em unidades particulares, optaram por posições verticalizadas, que favorecem a saída do bebê.

“É uma adesão enorme às boas práticas e uma eliminação de intervenções desnecessárias. No Rio, não tem mais aquela forma de parir, em litotomia, em que a mulher fica com as pernas pra cima, , sem poder fazer força. Acabou. Isso é lindo! É uma mudança de cultura que estamos vendo. Não está perfeito, mas é uma mudança enorme na atenção ao parto, fruto de políticas públicas”, afirmou a coordenadora-geral da pesquisa, Maria do Carmo Leal.

Por outro lado, a proporção daquelas que tiveram acesso à analgesia, para reduzir as dores das contrações, caiu de 7% para 2% no SUS em todo o Brasil, e apenas 1% no Rio de Janeiro. Nos serviços privados, a queda nacional foi de 42% para 33%, chegando a 30% no estado. “Entre as mulheres que entraram em trabalho de parto no Rio de Janeiro, caminhou melhor para o parto vaginal quem fez uso de analgesia, mostrando que talvez tenhamos aqui um aliado. Foi quase seis vezes maior a chance de terminar em um parto vaginal”, acrescentou Maria do Carmo.

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A pesquisa também mostra que os índices de parto normal e cesarianas permanecem um grande desafio no país. A quantidade de mulheres que passaram pela cirurgia no SUS aumentou de 43% para 48%, comparando com a primeira edição do levantamento, divulgado em 2014.

A coordenadora-geral da pesquisa ressalva que, ao menos, a maior parte desse aumento se refere a cesarianas intraparto, ou seja, realizadas após a mulher entrar em trabalho de parto, que totalizaram 13% no Brasil. Os partos vaginais no SUS somaram 52% no Brasil e 50% no estado.

Já a proporção de cesáreas no sistema privado foi de 81% no país e 86% no Rio de Janeiro, e apenas 9% e 7%, respectivamente, foram feitas após o início do trabalho de parto. Ainda assim, houve ligeiro aumento na quantidade de partos vaginais no Brasil, de 12% para 19%. A recomendação da Organização Mundial da Saúde é que as cirurgias sejam feitas apenas em casos de necessidade e o índice do país não passe de 15%.

O cenário sobre o pré-natal mostrado pela pesquisa, no entanto, não é tão positivo. Apesar de 98,5% das mulheres do Rio de Janeiro terem recebido o acompanhamento, apenas um terço apresentava registro completo de aferição de pressão arterial e exames de glicemia. Esses exames são essenciais para detectar e controlar as duas complicações mais comuns e perigosas da gestação: a hipertensão e o diabetes. Menos de 34% tiveram prescrição registrada de ácido fólico, substância essencial para o desenvolvimento neurológico do feto, e apenas 31,6% foram vacinadas contra o tétano e a hepatite B, dois dos principais imunizantes que devem ser tomados na gestação.

Maria do Carmo Leal destaca outras lacunas importantes no cuidado das gestantes de alto risco, ou seja, que já tinham alguma condição diagnosticada no momento do parto.

“Setenta e cinco por cento delas nunca fizeram uma consulta com especialista, só na atenção básica. Tem alguma coisa errada aqui. Trinta e seis por cento dessas mulheres disseram que a pressão arterial delas não foi medida em todas as consultas e também não tinham exame de glicemia, como o recomendado. São mulheres que peregrinaram mais (até serem admitidas para o parto), porque não tinha vaga, mas principalmente porque eram de alto risco e deveriam procurar uma unidade adequada. Peregrinar na hora do parto é tudo que elas não tinham que fazer”.


Campanha pede inclusão de medicamentos para obesidade no SUS


Doença é uma das únicas sem tratamento medicamentoso no SUS

Paula Laboissière – Repórter da Agência Brasil
Brasília
Estudo relaciona câncer de mama com obesidade. Reuters/Brendan McDermid/Proibida reprodução
© Reuters/Brendan McDermid/Proibida reprodução
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A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) lançou esta semana campanha nacional pela inclusão no Sistema Único de Saúde (SUS) de fármacos que combatem a obesidade. 

O movimento conta com apoio da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (Abeso), da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), entre outras.

Em nota, a Sbem informou que a proposta é mobilizar a sociedade, sensibilizar autoridades e pressionar por políticas públicas que garantam acesso a tratamento adequado, sobretudo medicamentoso, na rede pública.

O comunicado cita que a obesidade, embora reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como doença crônica multifatorial, permanece como uma das únicas sem tratamento medicamentoso incorporado ao SUS.

“Enquanto pacientes com hipertensão, diabetes, asma ou dislipidemia têm acesso gratuito a medicamentos, aqueles que vivem com obesidade permanecem sem qualquer alternativa terapêutica na rede pública”, destacou a Sbem.

A entidade ressalta que, até o momento, nenhum fármaco para perda de peso foi incorporado ao SUS – nem mesmo medicamentos agonistas GLP-1, popularmente conhecidos como canetas emagrecedoras.

“Nos últimos cinco anos, quatro medicamentos para o tratamento da obesidade foram submetidos à análise da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) e tiveram sua incorporação negada: orlistate, sibutramina, liraglutida e semaglutida.”

Números

Dados do Atlas Mundial da Obesidade 2025, da Federação Mundial da Obesidade (WOF, na sigla em inglês), indicam que 31% dos adultos brasileiros têm obesidade, enquanto 68% têm sobrepeso – o que significa que quase sete em cada 10 vivem com excesso de peso.

As projeções indicam que, se nada for feito, até 2044 quase metade da população adulta brasileira (48%) estará obesa.

O relatório revela ainda que mais de 60 mil mortes prematuras no Brasil são atribuíveis ao sobrepeso e à obesidade por sua associação a doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes tipo 2 e acidente vascular cerebral (AVC).

“Além do impacto humano, o problema traz custos expressivos para o sistema de saúde”, destacou a Sbem, ao citar estimativas de estudo feito pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) que apontam que, entre 2021 e 2030, os custos diretos ao SUS com doenças associadas à obesidade podem atingir US$ 1,8 bilhão.

Já as perdas indiretas, como anos de vida produtiva, segundo o estudo, podem chegar a US$ 20 bilhões.


Bahia registra aumento de HIV no público entre 10 e 19 anos e gera alerta


 Casos cresceram 17% no estado, entre 2023 e 2024; diagnóstico precoce facilita combate mais efetivo

Por Madson Souza

Mais testes rápidos de HIV podem explicar aumento de casos

 

Mais testes rápidos de HIV podem explicar aumento de casos – 

Os casos de HIV aumentaram 17% entre jovens (de 10 a 19 anos) entre 2023 (160 casos) e 2024 (187) no estado, conforme informações da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab). A maior realização de diagnósticos é a explicação para esse crescimento, útil para que as infecções sejam descobertas precocemente e combatidas com maior efetividade. Ainda assim, o cenário de uma geração que não viveu o pânico da aids – evolução mais grave do HIV – e por isso se preocupa menos com a enfermidade, é motivo de preocupação de especialistas.

A coordenadora da área de doenças transmissíveis da Sesab, Eleuzina Falcão, explica que a essa população mais jovem não ter vivido o pânico do HIV e da Aids (final dos anos 1980 e início da década de1990) reflete no comportamento com relação à prevenção também. Mas a principal razão para o aumento de diagnóstico tem a ver com a maior facilidade para testes, como indica a fonte.

“O aumento dessa detecção está diretamente relacionado com a ampliação da testagem, nas unidades de saúde principalmente, com os testes rápidos. Então, temos uma série histórica que mostra uma curva ascendente de detecção e uma queda, ainda que discreta, no número de casos de AIDS, porque, se consigo detectar os casos mais cedo consigo colocar esses pacientes em tratamento e fazer com que eles tenham uma qualidade de vida melhor”, pontua.

A iniciativa PrEPara Salvador, que oferece profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV para adolescentes LGBTQIAPN+ de 15 a 19 anos, atua com testes de HIV e teve 20 jovens diagnosticados com a infecção na capital baiana. Em outras localidades em que o projeto PrEP 15-19 atua – São Paulo e Belo Horizonte – foram diagnosticados até dois casos. Ainda que a comparação possua um universo de amostra limitado ela apresenta um panorama em que as ações de prevenção para o público jovem e para a população no geral são cada vez mais importantes.

Para o pesquisador da Fiocruz e um dos coordenadores do PrEPara Salvador, Laio Magno, o crescimento da incidência de HIV é ainda mais comum entre homens cis que transam com outros homens – não se identificam como gays. “Os estudos apontam que esse público têm uma maior vulnerabilidade à infecção pelo HIV. Visando reduzir essas taxas ofertamos o PrEP, que é uma tecnologia que está disponível inclusive pelo Sistema Único de Saúde (Sus), mas que essa população tem acessado pouco”, diz.

O PrEPara Salvador, sediado no Casarão da Diversidade, atua com prevenção ao HIV e ISTs (Infecções Sexualmente transmissíveis) por meio de métodos como preservativos e PrEP oral e injetável. A ação é de universidades como a Universidade do Estado da Bahia (Uneb), a Universidade Federal da Bahia (Ufba), entre outras pelo país, além de organizações como a Fiocruz.

O autônomo e integrante do Conselho Municipal LGBT+ de Salvador, Jonathan Xavier, 27, utiliza a PrEP e é um defensor da ação como estratégia de proteção combinada contra o HIV. Ele ressalta a importância para que os jovens busquem acesso a essa iniciativa também. “É uma segurança a mais além do uso do preservativo. Faz uma segurança combinada. Me sinto mais seguro com esse cuidado extra e indico para todos os meus amigos. É uma segurança a mais pra todos e pode ser muito importante para os jovens”, comenta.

Bahia e Salvador

No estado, a proposta da Sesab é oferecer uma prevenção combinada ao HIV e outras ISTs, como explica Eleuzina Falcão. “A prevenção deve considerar a especificidade de cada pessoa, dentro do seu contexto, dentro de suas características individuais e, dentro dessa perspectiva, discutir qual é o melhor método de prevenção para cada caso. É preciso considerar também, dentro da prevenção combinada, que nenhuma intervenção de prevenção isolada é suficiente”, comenta.

Esses atendimentos são feitos nas Unidades Básicas de Saúde por todo o estado, além de outras instituições importantes como o Instituto Couto Maia (ICOM), que é especializado em doenças infectocontagiosas. Eleuzina reforça a importância de fazer a testagem regularmente, porque algumas ISTs não são transmitidas apenas durante o sexo – podem ser transmitidas por objetos contaminados; da mãe para o bebê; ou através de transmissão sanguínea.

Já na capital baiana, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) oferece testagem rápida para HIV e outras ISTs em diversas unidades de saúde. Além disso, há três unidades do serviço especializado (SAE) pela cidade, que atuam para atendimento de pessoas que vivem com HIV e Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis. Parte da gerência da atenção especializada ambulatorial da pasta, Helena Lima reforça a importância não só dos atendimentos preventivos como também de acompanhamento.

“Temos especialidades não só para o tratamento, mas também para o acompanhamento dessa pessoa. O acompanhamento é importante, porque toda vez que a gente acolhe e trata aquela pessoa a gente também tá evitando que outras pessoas se infectem. Se for uma mulher gestando, por exemplo, conseguimos interromper a cadeia de transmissão do HIV para a criança a partir do seu tratamento”, afirma.